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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

ELEIÇÕES - PROS quer eleger um deputado federal e ampliar bancada na AL

Ricardo Motta afirma que não há restrição ao diálogo, mas se não houver convergência, partidos devem ir às ruas e deixar decisão ao eleitor
Presidenta da Assembleia Legislativa,Ricardo Motta (PROS) afirma que, neste momento das articulações para a eleição no Estado. “todo mundo conversa com todo mundo”. O PROS também aposta no diálogo para formar uma aliança. O parâmetro  do partido nas negociações é a busca da unidade na base aliada da presidenta Dilma Rousseff. Para Ricardo Motta, há uma verticalização política — embora legalmente não se tenha tal exigência  — e o PROS, que foi criado em 2013,  está entre os aliados da presidenta. Mas ele não coloca essa referência como um limite na aproximação entre os partidos. O deputado considera que é preciso buscar um acordo para recuperar o Estado. Mas ele adverte que, se chegar o momento de definições e não houver convergência, os partidos devem fazer as opções que considerem convenientes para apresentar  seus candidatos nas “praças, ruas e comícios”. Ou seja, se não for possível uma ampla aliança, pode haver uma pulverização de candidaturas.  “Quando as posições estiverem definidas, se não convergirem, cada um procure seu caminho e vamos para (…) o convencimento do eleitor”, afirma. Ricardo Motta diz também, nesta entrevista, que o afastamento político da governadora Rosalba Ciarlini foi motivado pela ausência de diálogo. O presidente da Assembleia informa que a meta do PROS é eleger um deputado federal — o candidato é o filho dele, Rafael Motta — e ampliar a bancada na Assembleia para sete parlamentares.


O PROS, partido que o senhor preside no Estado, fará um encontro nos próximos dias. O que vai discutir com os deputados e demais dirigentes da legenda?
O PROS fará um encontro, mas não está estabelecida a data, tendo em vista que alguns deputados estão viajando. Estamos em recesso e precisamos visitar as bases. Mas vamos nos reunir com os nosos deputados, prefeitos e vereadores. 

O encontro deve ser na próxima semana?
Não posso confirmar a data, porque ainda falta manter contato com alguns companheiros para fazer um encontro amplo. Mas, em breve, essa reunião ocorrerá.

O que o senhor e os deputados vão discutir? Os rumos do PROS nas eleições?
Assim como os outros partidos estão se reunindo, teremos nosso encontro. Isso é natural, legitimo e oportuno, neste momento, tendo em vista que está afunilando os prazos para definições nesta eleição.

E começaram as conversas com os dirigentes dos demais partidos para tratar de alianças?
Nós tivemos conversas informais, com todos os partidos. Eu sempre mantenho diálogo com nossos colegas deputados, afinal de contas está todo mundo conversando com todo mundo. Isso é normal e democrático. Mas agora vamos amadurecer as conversas, primeiro internamente, depois com futuros parceiros, até porque o que nos norteia é certa verticalização, que conduz à aproximação dos partidos que dão sustentação à presidenta Dilma Rousseff. O PROS faz parte desta aliança nacional. Mas vamos aguardar, pacientemente, como é nosso estilo. E teremos uma posição firme, quando for o momento oportuno. Isso de forma consensual e participativa. Queremos a participação dos deputados, prefeitos, vereadores e demais lideranças, tanto as que têm, quanto as que não têm mandato.

Alguns partidos deixam claro certas metas para esta eleição: O PMDB quer a candidatura própria, o PT a candidatura ao Senado, o PSB uma presença na chapa majoritária... Quais seriam as metas do PROS?
Veja, o PROS é um partido robusto. Se fizermos levantamento dos filiados que têm mandato, vamos constatar que o partido tem a maior bancada da Assembleia Legislativa, uma presença nas Câmaras municipais, um número expressivo de prefeitos, alguns em cidades pólos. Se somarmos a densidade eleitoral  desses integrantes da legenda que exercem mandato, eles tiveram em torno de 400 mil votos nas últimas eleições. Sei que é uma avaliação aproximada, mas é um parâmetro.  

E como será o diálogo com os demais partidos?
Se consideramos esses 400 mil votos, dará em torno de 20% do eleitorado do Rio Grande do Norte. Quem não quer se compor com um partido com essa expressão, com representatividade em todas as regiões do Rio Grande do Norte? Isso pode ser constatado a partir de nossa bancada na Assembleia Legislativa. Temos os deputados Raimundo Fernandes, com liderança no Alto Oeste; o deputado Vivaldo Costa,  um ícone na política do Estado; o deputado Gustavo Carvalho, com presença eleitoral não só na Grande Natal, mas também no Alto Oeste; o deputado Gilson Moura, com atuação na Grande Natal; eu tenho votação diversificada em todo o Rio Grande do Norte. Então, um partido como o PROS deve ser ouvido nas composições. 

O PROS quer uma vaga na chapa majoritária na aliança que integre?
O PROS vai sentar com os demais partidos. No momento oportuno, vamos discutir esses detalhes. Queremos a retomada da estabilidade e do desenvolvimento do Estado. Todos os políticos do Rio Grande do Norte devem ter esse objetivo, independente da legenda à qual esteja filiado. Precisamos defender as medidas necessárias para o Estado voltar aos trilhos do crescimento.

O senhor disse que o PROS deve estar na aliança dos partidos da base da presidenta Dilma Rousseff. Mas essas legendas têm uma dificuldade no Estado. O PT quer a candidatura ao Senado e, provavelmente, também o PSB. Como o senhor acha que deve ser resolvido esse impasse?
Sabemos desses assuntos por intermédio da imprensa. Mas é algo que deve ser tratado com os partidos que estão pleiteando. Então, nós, do PROS, não podemos dizer o que o PT ou o PMDB têm que achar. É preciso construir um diálogo até o momento em que for possível. Quando as posições estiverem definidas, se não convergirem, cada um procure seu caminho e vamos para as praças, para as ruas, para os comícios e para o convencimento do eleitor.  
 
O senhor e o PROS foram consultados? Que composição defenderam ou defenderão quando forem? Qual vaga deveria caber à ex-governadora Wilma de Faria e qual à deputada Fátima Bezerra? Qual a composição ideal?
Isso eu só posso responder no momento oportuno. Não serei precipitado e defender algo sem consultar os meus colegas de partido. É preciso diálogo, até porque existem tendências. E vamos buscar os pontos de convergência.

O que motivaria o PROS a integrar uma aliança? 
O diálogo. Vamos conversar com os parlamentares, os prefeitos e escolher o que for melhor para o Rio Grande do Norte.

E o que impediria o PROS de fazer parte de uma aliança?
Nada impediria. Vamos apoiar o que for melhor para o Rio Grande do Norte. 

Alguns partidos tendem a vetar o DEM. Enquanto os integrantes do PMDB têm defendido um diálogo amplo. Qual a preferência do senhor e de seu partido?
Veja bem, somos amigos de todos os líderes partidários do Rio Grande do Norte. Eu e os demais integrantes do PROS. Respeitamos a posição de cada um. Sabemos que existe um ponto de convergência no que diz respeito à verticalização, partindo da chapa da presidenta Dilma. A partir daí, haverá os desdobramentos. Não vejo motivo para deixar de conversar com alguma liderança.

Dos nomes cogitados para o governo — o deputado Henrique Eduardo Alves, o ex-ministro Fernando Bezerra, ambos do PMDB, o vice-governador Robinson Faria, do PSD, e outros que são citados — qual a preferência do PROS?
O PROS não tem preferência. Acredito que todos os partidos vão indicar aqueles que têm condições de levar adiante o projeto de sua legenda. Se o PMDB vai lançar um candidato, compete a esse partido discutir seu nome. O partido que tiver pretensão de indicar, deve apresentar aos aliados um nome de consenso para uma coligação.

Hoje o PROS está mais próximo de uma candidatura do PMDB ou do vice-governador Robinson Faria?
Vamos tratar disso no momento oportuno. Eu tive oportunidade de conversar com o vice-governador Robinson Faria, com o deputado Henrique Eduardo Alves. E registro que Henrique Eduardo foi muito correto conosco no que diz respeito ao PROS, no diálogo com o governador do Ceará, Cid Gomes [presidente nacional da legenda]. O vice-governador Robinson é um amigo pessoal de longas datas. Tenho um relacionamento estreito com a deputada Fátima Bezerra, com a ex-governadora Wilma de Faria e com a filha dela, Márcia Maia, minha colega de Assembleia. O deputado Agnelo Alves, do PDT, é meu colega aqui também no Legislativo. Tenho amizade no PV.  Então, não dá para dizer que tenho preferência por A ou B. Vamos nos reunir, não tenho problema com ninguém.

Um apoio à possível candidatura à reeleição da governadora está descartado?
Para começar: Ela é candidata à reeleição? O partido dela já apresentou o nome? Disse que ela é candidata? Nem isso foi feito ainda.  O DEM precisa se manifestar, capitaneado pelo presidente da legenda, senador José Agripino, a própria governadora, o deputado federal Felipe Maia e os deputados estaduais.

Cogita-se uma ampla composição, que alguns chamam de “acordão”. O senhor acha que isso seria conveniente?
Conveniente é o que for melhor para o Rio Grande do Norte. Se haverá uma coligação com dois partidos, com três, com dez, isso não tem muita relevância. Eu defendo que a convergência seja colocar o Rio Grande do Norte em desenvolvimento e em paz. 

E quais as metas do PROS na chapa proporcional?
Temos cinco deputados estaduais, atualmente. Pretendemos renovar o mandatos destes parlamentares e, se possível, ampliar para sete deputados estaduais. Nosso projeto inclui fazer um deputado federal. Evidentemente, queremos ajudar o futuro governador, dentro do leque de aliança na qual o PROS se encontrar. 

A principal candidatura a deputado federal é do vereador Rafael Motta, seu filho?
É, o partido tem se reunido neste sentido. Isso é público, não vou tapar o sol com a peneira. Ele é um jovem que se elegeu bem, foi o segundo vereador mais votado em Natal, eleito parlamentar mais atuante em 2013 pelos jornalistas que acompanham o trabalho da Câmara Municipal. 

Há críticas em relação a essa tendência, no Estado, de candidaturas de filhos ou parentes diretos de quem exerce mandato há certo tempo ou tem controle de um partido. Como o senhor reage a essas discussões?
Vejo com naturalidade. Mas  a politica do Rio Grande do Norte... E não é só no Estado. A família Rosado está há 100 anos na política. Mas se você for à Paraíba, vai constatar a família Cunha Lima e Gadelha com uma presença política forte. No Ceará, pode ser observada também essa característica. É natural o filho se espelhar no pai. Em uma família com advogado de renome, um filho pode se inspirar na carreira do pai. E, na política, é a mesma coisa.  Além disso, quem escolhe é o povo. Quem vota, tem direito de ser votado. Esse é nosso sistema político. Embora tenha mudado muito. Há excelentes parlamentares que não tiveram uma tradição política na família. Durante muitos e muitos anos as famílias vão apresentar seus candidatos no Rio Grande do Norte, na Paraíba, no Piauí, em Sergipe, em Minas, Bahia... Claro, isso tem diminuído bastante.
 
O governo, na atual gestão, teve muitas dificuldades no relacionamento com os poderes? 
O relacionamento é de respeito mútuo. Mas lhe digo, com franqueza, falta diálogo. E isso não por conta do Legislativo, que tentou várias vezes se reunir com o Executivo, o Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal de Contas. A Assembleia Legislativa está aberta ao diálogo. Nenhum deputado faz oposição ao Estado. 

O senhor já teve uma aproximação política com a governadora. O que motivou o afastamento?
Quando há escassez de diálogo, as coisas não fluem. Isso não tem relação com o PP [Ricardo Motta articulava a filiação ao PP, mas a legenda ficou, no Estado, com o deputado federal Betinho Rosado, cunhado da governadora Rosalba Ciarlini]. A questão é que o governo se fechou. Respeito a postura, a metodologia que cada um adota. Mas se aceito ou não, é outra coisa. Tenho o direito de achar que a forma de alguém pensar ou agir é certa ou errada, Posso avaliar se tem uma postura conveniente ao nosso sistema político ou não. Mas a Assembleia não tem sido empecilho para o Rio Grande do Norte.

Este ano tem eleição e Copa do Mundo, com jogos em Natal. A Assembleia terá as votações comprometidas?
Não haverá problemas. Os projetos nunca deixaram de ser votados por causa de eleição. Apesar de termos jogos em Natal na Copa, não haverá alteração no ritmo de votações. Vamos aguardar as matérias que serão enviadas. A Assembleia tem uma atuação que será mantida, é campeã em audiências públicas no País, fizemos o primeiro concurso em 168 anos. Formamos servidores em gestão pública. Somos modelo em inclusão social, com o projeto Síndrome de Down reconhecido internacionalmente. Temos o projeto Assembleia na Copa, com formação para profissionais em áreas relacionadas ao turismo e o Projeto Recomeçar, para os idosos. Enfim, a Assembleia tem credibilidade e é modelo para outros Legislativos do País.
TN

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