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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

 BRASÍLIA

13 mil pessoas contra a corrupção.

Depois do 7 de setembro, nova multidão toma as ruas da capital para protestar contra a falta de moralidade no trato das coisas públicas

“Ih, f… O povo apareceu”. Foi com essa palavra de ordem que 13 mil pessoas tomaram as ruas de Brasília na manhã de ontem (12) para protestar contra a corrupção no Brasil. A II Marcha contra a Corrupção foi a segunda manifestação organizada pelo Movimento contra a Corrupção (MCC) com o auxílio das redes sociais. Além de Brasília, onde o movimento nasceu, aconteceram manifestações em outras 26 cidades de 19 estados brasileiros.

A frase dos manifestantes era uma resposta a um grupo, ligado a partidos do governo, que minimizou a primeira marcha, ocorrida no 7 de setembro, dizendo que as 25 mil pessoas reunidas na verdade estavam na Esplanada dos Ministérios para acompanhar o desfile militar e acabaram aderindo. Desta vez, o propósito da reunião das pessoas era apenas protestar contra a corrupção (estava marcada uma missa em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, mas ela só aconteceu à tarde, bem depois da marcha). E novamente, a Esplanada lotou. Segundo estimativa da Polícia Militar, eram 13 mil pessoas às 11h30, uma hora e meia do início da marcha, que começou às 10h.

Algumas instituições da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) incorporaram-se ao protesto. O presidente da OAB nacional, Ophir Cavalcante, estava presente à marcha. “É uma honra enorme Brasília sediar o maior movimento nacional contra a corrupção”, discursou o presidente da OAB do Distrito Federal, Francisco Caputo. “Vocês podem contar com o exército de 720 mil advogados espalhados pelo país”, continuou.

Como no 7 de setembro, a preocupação com o caráter apartidário marcou a manifestação. O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) fez questão de se manter no meio da multidão sem discursar. “Até o ano passado, eu não era político. Hoje, estou aqui assim. Sou mais um cidadão”, disse Randolfe. De fato, tentar partidarizar o ato era algo que a organização não permitia. Elisabeth, por exemplo, que o diga. Ela levou uma faixa que dizia: “Eu apoio Eliana”. Foi sonoramente vaiada. Era um apoio à corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon. Pensaram que era apoio à deputada distrital Eliana Pedrosa (PSD).

Duas imensas bandeiras brasileiras abriam o ato, levadas por dezenas de pessoas. Muita gente fantasiada. Havia um “ladrão togado”, um deputado forrado de dinheiro, um presidiário. Várias pessoas com a máscara do personagem Guy Fawkes, da história em quadrinhos V de Vingança, que já se tornou um símbolo das manifestações. Guy Fawkes foi um manifestante inglês que, em 1605, tentou explodir o parlamento inglês. O personagem de V de Vingança é um anarquista que usa uma mascara de Guy Fawkes e tem o mesmo propósito de explodir o Congresso.

Da primeira manifestação, que era apenas contra a corrupção, o movimento evoluiu e incorporou três bandeiras: o fim do voto secreto no Congresso Nacional – que possibilitou a absolvição da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) –, a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa – que ainda será julgada pelo Supremo Tribunal Federal -, e a manutenção da independência do Conselho Nacional de Justiça para investigar irregularidades cometidas pelos juízes.

Algumas palavras de ordem da II Marcha contra a Corrupção:

“Ih, f… O povo apareceu!”
“Voto secreto não! Eu quero ver a cara do ladrão!”












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