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terça-feira, 8 de julho de 2025

CULTURA - 7 livros que você precisa ler antes de completar 50 anos.


Você já ouviu dizer que a leitura pode mudar vidas? Em certos momentos da nossa existência, palavras bem escritas não só precisam ser lidas, elas também merecem ser ditas. Por isso, selecionamos 7 obras que oferecem reflexões poderosas sobre o amor, a perda, a identidade e o sentido da vida. Livros que dialogam com a alma e que, antes dos 50 anos, merecem ser experimentados.

1. A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver (2019), Rosa Montero

Inspirando-se no diário de luto de Marie Curie, a narradora constrói um relato íntimo e reflexivo sobre a dor da perda. Em primeira pessoa e com um estilo ensaístico sensível, ela conecta suas memórias ao sofrimento vivido por Curie após a morte do marido, traçando paralelos entre experiências individuais e sentimentos universais.

A narrativa alterna passado e presente de forma fragmentada e fluida, explorando como o luto transforma nossa percepção do tempo, da ausência e da vida. Com honestidade e sobriedade, a autora evita exageros emocionais e revela a força que pode emergir da dor.

É um texto que valoriza a memória como resistência e propõe que, mesmo diante da perda, é possível reencontrar o sentido do amor e da existência.

2. A Morte de Ivan Ilitch (1886), Liev Tolstói

Ivan Ilitch é um juiz respeitado cuja vida parece exemplar, moldada por ambições profissionais e convenções sociais. Tudo muda quando ele é surpreendido por uma doença incurável. A partir daí, sua percepção do mundo se transforma: aquilo que antes parecia sólido se revela frio e indiferente.

Narrada com precisão cirúrgica, a história acompanha a angústia crescente de Ivan diante da morte e reconhecimento tardio de que viveu de forma superficial. Seu sofrimento físico serve como metáfora para uma crise moral mais profunda. Reflexiva e contida, a obra é uma poderosa meditação sobre a autenticidade, o medo e o sentido da vida.

3. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas (1974), Robert M. Pirsig

À primeira vista, é a jornada de um homem atravessando os Estados Unidos de moto com o filho. Mas, por trás dessa travessia física, há uma investigação filosófica profunda conduzida por um narrador em primeira pessoa que dialoga com seu alter ego, “Phaedrus”.

A manutenção da moto torna-se metáfora para a busca de sentido, e o conceito de “Qualidade” é explorado como ponte entre razão e emoção. Combinando filosofia ocidental e oriental, cenas cotidianas e reflexões existenciais, o livro se transforma em uma viagem interior intensa, onde o destino final é o autoconhecimento.

4. Tudo que É Belo É Efêmero (2010), Amanda Vaill

Nos efervescentes anos 1920 em Paris, o casal norte-americano Gerald e Sara Murphy tornou-se o centro de um círculo cultural vibrante, reunindo artistas e escritores como Fitzgerald, Hemingway e Picasso. Esta crônica biográfica revela como os dois transformaram a própria vida em arte, desafiando convenções e vivendo com intensidade rara.

A obra alterna cenas de festas e diálogos brilhantes com momentos de introspecção, perdas e questionamentos profundos. Um retrato sensível de um casal que fez da autenticidade uma forma de resistência — mesmo quando isso exigia conviver com a melancolia e a fragilidade da existência.

5. A Mulher Ruiva (2016), Orhan Pamuk

Durante um verão decisivo da juventude, Cem trabalha como aprendiz de escavador de poços no interior seco da Turquia. Nesse cenário árido, ele vive um encontro que marcará sua vida: uma mulher ruiva, enigmática, que desperta desejos e dilemas existenciais.

A narrativa em primeira pessoa revisita essa memória como ponto de virada entre o real e o mítico, entre o desejo e suas consequências. Com tom poético e simbólico, o romance explora como um momento pode ecoar por toda a vida, moldando nossa visão sobre culpa, amor e responsabilidade.

6. Viver é Prejudicial à Saúde (1998), Jamil Snege

Com humor ácido e olhar crítico, um arquiteto em crise existencial narra episódios improváveis do cotidiano urbano. Em primeira pessoa, sua voz irônica revela a inquietação de quem enxerga o banal com lucidez desconfortável.

Sem linearidade rígida, a narrativa alterna entre cenas cômicas e reflexões profundas sobre as relações humanas, os rituais sociais e o tédio moderno.

O texto é um retrato agudo do desassossego contemporâneo, onde o riso serve como estratégia de sobrevivência diante de uma realidade muitas vezes absurda. Uma leitura provocadora e surpreendentemente sensível.

7. Primavera num Espelho Partido (1982), Mario Benedetti

Narrada por múltiplas vozes, esta obra sensível e fragmentada trata do exílio como um estado permanente da alma. Por meio de cartas, lembranças e monólogos, acompanhamos personagens marcados pela distância, pelo silêncio e pela dor da separação.

Um homem preso e sua esposa, vivendo em países diferentes, representam as fissuras entre os que ficaram e os que partiram.

A narrativa mistura delicadeza poética com dor contida, oferecendo uma reflexão profunda sobre identidade, pertencimento e a busca de um lar em tempos de ruptura. Um livro que ressoa nas entrelinhas e permanece com o leitor por muito tempo.

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