BRASIL - Mais de 60% das denúncias de crimes na internet são de abuso infantil.

Entre janeiro e julho deste ano, a SaferNet registrou 49.336 denúncias anônimas de abuso e exploração sexual infantil na internet, número 18,9% maior que no mesmo período de 2024. O levantamento mostra que esses casos representam 64% de todas as notificações de crimes cibernéticos recebidas pela organização no período, incluindo também racismo e violência contra a mulher.

A entidade alerta para o uso crescente de inteligência artificial na criação de conteúdos de exploração infantil, por meio da manipulação de imagens reais, deepfakes e fotos artificiais hiper-realistas geradas a partir de comandos de texto. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a manipulação e a produção de imagens dessa natureza também configuram crime.

O aumento das denúncias foi impulsionado em agosto, após o influenciador Felca expor em vídeo perfis que promoviam a adultização de crianças e adolescentes em redes sociais. Entre os dias 6 e 18 daquele mês, mais de 6,2 mil registros foram feitos, sendo que 52% ocorreram após a viralização do conteúdo. A repercussão contribuiu para que a Câmara dos Deputados pautasse o Projeto de Lei 2.628/2022, que estabelece medidas para proteger menores em ambientes digitais.

Para combater o problema, a SaferNet abriu uma chamada pública para reunir relatos de adolescentes vítimas de imagens manipuladas por IA, além de conhecidos desses casos, com o objetivo de propor políticas de proteção mais eficazes. Denúncias podem ser feitas pela Central Nacional de Denúncias da SaferNet, em parceria com o Ministério Público Federal, ou pelo Disque 100, em casos de suspeita de violência sexual.

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