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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

BRASIL

Serra Pelada voltará a funcionar

Serra Pelada (PA) - Quase 20 anos depois de o governo fechar aquela que foi a maior mina de ouro a céu aberto do mundo, a exploração de Serra Pelada, no Pará, será agora toda mecanizada. A empresa de mineração canadense Colossus Minerals Inc., associada à Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), conquistou a permissão para explorar a área.

Os primeiros levantamentos feitos em uma parte do terreno de 100 hectares com permissão para ser explorada indicou a presença de, pelo menos, 50 toneladas do metal. Esse número deve ser atualizado pela empresa em janeiro, e a expectativa dos ex-garimpeiros é que o volume seja bem maior, já que a própria mineradora informou que o potencial de novas descobertas na propriedade é elevado.
"É basicamente ouro amarelo, paládio - que é um ouro branco -, prata e platina. Sendo que a incidência menor é de platina, mas, em compensação, o preço é dobrado em relação ao preço do ouro", explicou Antônio Ferreira Milhomem, diretor da cooperativa.

A antiga mina, que na década de 1980, foi alvo da maior corrida a metais preciosos da história da América Latina, chegou a ser conhecida como “formigueiro humano”, com mais de 80 mil garimpeiros trabalhando ao mesmo tempo. O ouro retirado deveria ser vendido exclusivamente à Caixa Econômica Federal. Na época, foram extraídas cerca de 40 toneladas do metal precioso, sem contar o que foi vendido clandestinamente. O grande buraco que os trabalhadores cavaram é hoje um lago com mais de 100 metros de profundidade.

Após 20 anos de espera, ex-garimpeiros esperam que ouro finalmente melhore sua vida

Quando o garimpo de Serra Pelada foi fechado definitivamente pelo governo federal em 1992, milhares de garimpeiros ficaram sem rumo. A maioria voltou para as suas cidades de origem, outros, chamados de “teimosos”, continuaram na região, vivendo de bicos ou do que tinham juntado. 
 
Todos, porém, com a esperança de um dia se beneficiar do ouro que ainda permanece inexplorado no subsolo. No ano que vem, duas décadas depois, a esperança vai se tornar realidade para quase 40 mil deles que, associados a uma cooperativa de garimpeiros, terão participação de 25% no lucro da mineração que começará.

Alguns garimpeiros ainda não sabem como acessarão a parte a que têm direito. O mais provável é que ações equivalentes a 25% dos lucros do que será extraído sejam repartidas igualmente entre os trabalhadores, mas para isso é necessário que a multinacional apresente o último levantamento do potencial de exploração, o que deve ocorrer em janeiro. 

A certeza que ninguém esconde, no entanto, é que ainda há muito ouro a ser retirado, e dessa vez sem os riscos que enfrentaram na década de 1980, quando dezenas morreram na mina devido às condições precárias de trabalho

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